Palavra em sânscrito, língua clássica da Índia antiga que influenciou praticamente todos os idiomas ocidentais, Yoga pode ser traduzida como reunir, ligar e juntar. Podemos resumir que Yoga significa união. União da energia humana individual (Jivatma) com a energia universal suprema (Paramatma).

O Yoga surgiu na Índia, por volta de 5.000 a.C., como uma filosofia prática que permite ao ser humano ver a verdade de todas as coisas e assim vivenciar a felicidade permanente. Ao longo dos anos surgiram várias ramificações do Yoga, porém seu fundamento continua o mesmo. É um sistema que ensina os meios pelos quais pode-se estar em união e comunhão consigo e com o todo, e então alcançar a iluminação (Samadhi), o mais alto estado de consciência.

Existem dispersões mentais que nos levam ao sofrimento e a angústia, como as doenças, a instabilidade da consciência, negligência e preguiça com esforços do corpo e da mente, percepção errônea ou noção incerta. Buscamos incessantemente a realização pessoal, porém o ego e o desejo não nos deixam ver que já a temos dentro de nós. Em nossa essência somos luz, amor e felicidade, só precisamos compreender e o Yoga é um dos caminhos para essa verdade.

Através dos Yoga Sutras, texto clássico escrito por Patanjali, considerado a primeira e uma das mais importantes codificações da disciplina, somos apresentados aos oito estágios de transformação que nos levarão à completa libertação da alma.

Os oito estágios do Yoga

1 – YAMAS
Faz parte dos preceitos éticos. São cinco disciplinas morais que ensinam como nos relacionar com os outros e com o mundo.

Ahimsa – Não violência
Não machucar, ferir ou prejudicar os outros, os animais e a si mesmo. Tanto em forma física, em pensamento ou em palavras.

Satya – A verdade
Ser verdadeiro nas palavras, pensamentos e ações com os outros e para si mesmo. Não fazer uso da inverdade, seja ela na forma de mentira, equívoco ou distorção na interpretação de um fato.

Asteya – Não roubar
Não roubar e nem desejar o que é dos outros. Sejam objetos, ideias, créditos ou méritos.

Brahmacharya – Moderação
Canalizar a sua energia para relações saudáveis e benéficas. Praticar a moderação e usar sabiamente a energia física, mental, emocional e sexual.

Aparigraha – Desapego
Saber abrir mão do supérfluo. Libertar-se de sentimentos como posse, ciúmes e apego, causadores de grandes sofrimentos.

2 – NYAMAS
São os outros cinco preceitos éticos. Disciplinas internas, observância de si. 

Saucha – Purificação
Limpar o corpo desde a higiene pessoal à alimentação saudável e purificar a mente de sentimentos negativos e perturbadores.

Santosha – Contentamento
Estar contente com o momento presente independente das circunstâncias, satisfação mental.

Tapas – Autodisciplina
Se esforçar, acreditar e ter força de vontade para alcançar um objetivo. É não desistir diante de uma privação.

Swadhyaya – Estudo de si mesmo
Observar-se, sair da ignorância de si para o próprio desenvolvimento espiritual e pessoal. Meditar sobre a própria natureza e aspectos da vida, investir no autoconhecimento.

Ishvara Pranidhana – Entrega
Confiar que existe algo Supremo nos guiando. Entregar ao Divino e aceitar a Consciência Cósmica e o fluxo da vida.

3 – ÁSANAS
São as posturas psicofísicas que promovem bem-estar. O Ásana deve ser estável e confortável. A prática traz saúde e leveza para o corpo, disciplina para a mente e reduz a fadiga. Atuam nos músculos promovendo alongamento e força, nas glândulas equilibrando o funcionamento do organismo, estimulam os fluxos sanguíneos e energéticos (Chakras), fazendo-os fluir livremente pelo corpo, aumentam a capacidade cardiovascular e aliviam o estresse. Além de estimular a concentração e o equilíbrio.

4 – PRANAYAMA

É a prática e o controle da energia vital (ar, Prana) através da respiração. São técnicas respiratórias sutis, que envolvem quatro importantes fases: inspiração (puraka), retenção do ar (antara kumbhaka), expiração (rechaka) e retenção sem ar (bahya kumbhaka). O objetivo é desenvolver e fortalecer o sistema respiratório, acalmar o sistema nervoso favorecendo a concentração e direcionar a energia sutil.

5 – PRATYAHARA
Introspecção e controle dos sentidos para estabilização das sensações da mente e então prepará-la para a meditação. Nessa introspecção dos sentidos, o importante é serenar os pensamentos e permanecer imune aos estímulos exteriores.

6 – DHARANA
Concentração absoluta e atenção fixa em um único ponto. Repetir mantras e manter o olhar fixo nas chamas de uma vela são algumas das sugestões que os Yoga Sutras trazem para que se consiga cumprir essa etapa, que exige tanto esforço e dedicação, com excelência.

7 – DHYANA
Meditação. Um estado de pensamento puro, o momento em que as confusões da mente finalmente cessam. A sensação é de paz suprema, os problemas passam a ser vistos como questões simples a serem resolvidas e o momento presente passa a ser o mais importante.

8 – SAMADHI
Estado de integração, supra consciência. É quando a consciência é iluminada. O estado mais profundo e mais elevado, onde o corpo e a mente são superados. É o estado do Yoga, Iluminação. O momento em que o ser está inteiramente ligado e absorvido por amor e paz. Uma sensação de bem-estar e plenitude que vem de dentro.

“Tempo houve em que desprezei o meu corpo, mas então vi Deus dentro de mim. Percebi que o corpo é o templo do Senhor, e comecei a preservá-lo com infinito cuidado.”

BHOGAR – Kundalini Yoga – sec.XVII

Namastê ॐ


Referências: Wikipédia, Suapesquisa.com, Yogalotus.com.br, Sivananda.org, Selfyoga.com.br, Thaisetiton.com.br, Triada.com.br, Tratado do Yôga (DeRose), Luz Sobre o Yoga (B.K.S. Iyengar).
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